O filme é todo fragmentado, e assume de vez o tom documental, e aqui não é um elogio: isso porque, apesar da escolha correta em situar a trama em um contexto histórico específico, o tom episódico reina na trama. Assim, entrecortado com cenas um tanto contemplativas, o filme tenta criar uma áurea artística ao posicionar a câmera de forma lírica. Porém, é como assistir uma trilha sonora com imagens, e de forma bem limitada.
Um grande nada. Compilado de momentos esporádicos do começa de carreira da cantora sem qualquer linha ou interesse narrativo particular. Impressiona como a biografada simplesmente 'está ali', sem traço de personalidade além da timidez e da sexualidade - nem sobre o que torna a voz dela singular o filme fala. A relação com a mãe diz mais sobre a genitora do que sobre a cantora. O recurso de mesclar, nas canções, os áudios originais da Gal com os da Sophie é desastroso. Fiasco.
Um recorte biográfico que mesmo terminando de forma abrupta, consegue demonstrar com muito êxito os momentos de tensão do período do início da ditadura militar e a coragem dos tropicalistas nesse contexto. Rodrigo Lelis como Caetano vai bem, mas sem dúvida o grande destaque é Sophie Charlotte.
Charlotte dá conta da difícil missão de incorporar Gal sem virar caricatura. A delicadeza de sua composição inclui o falar da cantora, tão difícil de reproduzir, o que torna secundário o fato de a semelhança física entre elas ser pouca. Em termos de roteiro, porém, ficou faltando uma certa profundidade no recorte daquele período histórico.