DaCosta saber bem como usar um ambiente ao seu favor, indo desde cenário de guetos até apartamentos hipster para criar cenários que podem ser, partindo da perspectiva da diretora, sufocantes. E isso compensa os personagens que se desenvolvem de forma pouco fluída e confusa.
Apressado, ganha ao atualizar o discurso da lenda urbana, mais diretamente ligado a tensões raciais, ao mesmo tempo que se perde na contextualização, por vezes confusa e com personagens sem presença. Cenas deslocadas e um gosto de querer mais desse legado ficam no ar com um término abrupto.
DaCosta entende que não é necessário explicar para o espectador o que sua obra significa, porém, reduzir isso a um distanciamento daquilo que se desenvolve ao longo do filme como o mais interessante, esterilizar seu horror em prol de uma sobriedade apenas desnecessária, não é, pelo menos para o que o filme se propõe, o caminho mais eficaz.
Candyman acaba sobrevivendo apenas pela sua composição preparatória. Essa tensão que emana na sugestão de algo maior a ser desenvolvido a tela.
Escrito a seis mãos, o roteiro oferece uma ressignificação da lenda, colocando em pauta questões raciais urgentes para a sociedade. O terror surge da própria realidade, refletida num espelho bastante incômodo, sobretudo para quem se vê retratado nele.