Assim como o outro grande filme baseado em fatos reais do ano (“O Caso Richard Jewell”), não cai na mesmice de filmes-denúncia, pois se interessa mais na tensão das cenas e nas relações interpessoais do que na veridicidade em si. A fotografia granulada de Edward Lachman sustenta visualmente esta concepção que Haynes dá aos personagens e seus dramas pessoais e profissionais.
Um caso menos típico, em que a história poderosa e o sucesso do roteiro em contá-la bem se sobressaem (e muito!) ao formato esquemático e à direção sem tempero. É, no mínimo, assombroso - mas não surpreendente - se dar conta de como e para quem as instituições no mundo funcionam.
É assustador e indignante pensar que o problema exposto aqui esteja presente no dia a dia - pior, no sangue - de quase toda a população mundial. Haynes volta à boa forma com um urgente manifesto contra as grandes indústrias e seu poder obsceno acima da justiça, tendo Ruffalo pela primeira vez sob sua direção, uma parceria mais que acertada.
Interessante história real que gera reflexões e denúncias importantes sobre o sistema em que todos estamos inseridos à mercê das grandes corporações e da complexidade da população potencialmente afetada, tanto os com problemas de saúde quanto com desemprego. Uma pena que fica devendo como Cinema propriamente dito, falha em momentos de tensão (a cena do carro é um exemplo) e também nas relações interpessoais e familiares.