Uma tragicomédia do poder totalitário nas mãos de homens medíocres, infantis e covardes. "Não sei por que" mas me lembrou o atual governo brasileiro (a proporção é bem menor, mas a mediocridade pode ser aplicada).
O viés absurdo e o tratamento caricato da História incomoda tanto quanto gera risos nervosos ao soar mais verossímil do que nunca, vide os dias atuais. O palco para o poder esbanjar cretinice e selvageria animal.
A frenética direção entope o espectador de diálogos irritantemente circulares, tornando os conflitos dramáticos (que já não são grande coisa), ainda mais enfadonhos. Salva-se as boas tiradas políticas sobre a paranoia do autoritarismo.
De fato, é um episódio estendido de Veep transportado para a União Soviética. Iannucci mantém o pique dosando o humor e a tensão em meio aos arcos dos seus personagens principais, defendidos brilhantemente pelo elenco, especialmente Russell Beale.
Tem algumas boas sacadas no humor e no pano de fundo político, mas mesmo assim o filme nunca empolga. Não há um ponto central no roteiro e o excesso de personagens e situações criam um certo desinteresse na obra.
É uma pena ver um roteiro recheado de boas sacadas e humor criativo ser construído por uma perspectiva histórica pouco confiável - o resultado final ofusca complemente seus atributos e nos parece uma sátira barata a União Soviética feita por Hollywood.
Super britânico, o humor funciona bem e conta com alguns momentos inspirados, o que sustenta com eficiência a proposta "arrojada" na abordagem desse momento histórico. Ainda assim, seu valor fica mais como entretenimento passageiro.
A forma cômica, que conquistou o público que amou o filme, bem como arranjou para si perseguidores, é uma escolha corajosa do diretor britânico, mas talvez não a melhor delas. De qualquer forma, de 2017 em diante precisamos muito de filmes como este.