Meio desconexo, se tornando desequilibrado, mas acerta mais do que erra; os diálogos transitando entre o existencialismo e os relacionamentos não apenas contribuem para o clima frio do filme, mas dão vida ao mesmo e seus personagens. Destaque para Hong.
Filma com a leveza do vento o interior de seus manequins, e num efeito ainda mais difícil e ambicionado por 11 em cada 10 cineastas, chega a conectar o interior dos lugares, com o âmago exposto de suas personas cotidianas. Para Song, câmera é binóculo.
Fazer três fllmes em tão curto espaço do tempo invariavelmente resultaria em um certo desnível entre eles. Aqui, nem a construção de personagem nem os diálogos funcionam tão bem como é o padrão de Sang-Soo - mesmo que o tom irônico seja bem-vindo.
"Fora de forma" é uma expressão que ainda não serviu para Sang-soo, artista da palavra e do silêncio que brinda (nos dois sentidos) à vida e aos seus movimentos tantas vezes inconstantes.
Sabe aquele sentimento de passar um por determinado lugar e lembrar de toda uma história que ocorreu ali e que de alguma forma te marcou? Pois é isso que Sang-Soo faz, quatro pessoas e muitos sentimentos, amores e rancores.
Um tanto familiar, é verdade, mas o olhar que Sang-soo lança sobre pessoas e relacionamentos fraturados, à deriva, é sempre minucioso e preciso. Aqui, há ainda um quê de existencialismo que engrandece a obra.