É bastante cru e cai em muitas repetições, mas se garante com louvor pela ótima condução das cenas, com grande tensão em seus planos sequência e nas escolhas visuais que favorecem a omissão e introspecção de personagens complexos.
Talvez com um diretor menos mão pesada o resultado seria superior mas Trapero nunca foi muito habilidoso. Claustrofóbico porém também inconclusivo quanto a influência do regime ditatorial nas ações desta família. Havia mais potencial.
Baseado em fatos reais, com um roteiro consistente e não amaciando, é contada a história de um grupo argentino de terror e sequestros. Bem pintado este quadro negro da historia argentina.
Arquimedes: seu olhar metálico, vazio, nada diz sobre ele e suas atividades. É sobre esse não dito que se funda o filme (que, a bem da verdade, termina meio espetaculoso, hiperdramatizado).
A família amorosa é fachada nefasta para os acontecimentos (reais), sempre impulsionados pela figura poderosíssima do pai, numa atuação soberba de Francella que entrega camadas geniais num filme forte em sua proposta e chocante em seu desfecho.
O filme descarta a linearidade e opta por deixar claros os fatos que serão mostrados em tela, cabendo ao espectador aguardar o desfecho. Talvez por isso a ultima cena surpreenda tanto. Ótimas atuações!
Pode parecer apenas observação, mas no cerne da trama reside uma crítica mordaz aos governos paralelos que fazem de suas ambições um caminho cruento. A realidade ainda é uma fonte de matérias-primas terríveis.