Em seu filme antecessor Z Gavras critica fortemente e justamente (diga-se de passagem) a extrema-direita, aqui em A confissão ele lança seu olhar para o lado da extrema-esquerda; Estou com o diretor quando compreendemos que o problema não está no sistema e sim no ser humano e sua vontade incontrolável de alcançar poder e controle sobre aquilo que lhe é alheio. O filme de Gavras é torturante já que seu personagem jamais escapa de uma perseguição implacável.
Antes de tudo, consegue transparecer os ideais de seu personagem principal. Seus princípios e valores acima da dor física e mental. Aliás, a tortura, que ocupa grande parte do longa, transmite bem o cansaço e a degradação de Gerard(Montand). Temos o julgamento onde passa bem a ideia de nenhum tipo de saída para o destino dos réus e, posteriormente, sua liberdade onde relembra todo o caso. O mais interessante é verdade e justiça serem maleáveis, e política e direitos humanos cruzando caminhos.
"Eu vejo o futuro repetir o passado; eu vejo um museu de grandes novidades". A Lava-Jato só não ocorreu dessa forma pois estamos, em tese, numa Democracia. E se você acha que cinema e política não confluem, tá fazendo o que aqui vendo review do Costa-Gavras?
Depois do antológico "Z" (que denunciava o aparato militar de repressão da extrema-direita), Costa-Gavras coloca seu Cinema para denunciar o aparelho repressivo do estado totalitário comunista. "A Confissão" é kafkiano, impactante e desesperador.