A inventividade visual de Pahn, motivada por uma imagem perdida, produz achados inenarráveis e desperta sentimentos conflitantes, como a ternura e o horror, sobretudo quando associada à sua narração em primeira pessoa, que não se furta dos detalhes incômodos que sua memória guarda.
A repercussão de semelhantes ideias sobre as pessoas, e as milhões de mortes acarretadas, são o assunto deste documentário a um tempo inovador e essencial: a ausência de imagens é que, aqui, mostra.
Essas imagens faltam pra uma série de che guevaras que ainda insistem na tal teoria marxista furada do socialismo. Basta ver um filme desses pra chegar à conclusões simples que já deveriam estar escancaradas há muito tempo.
Embora muito lento, é um relato inteligente e criativo sobre a maravilha do comunismo, onde "nosso único bem é a nossa colher", mostrando que a ideologia começa com um ideal puro (igualdade) e termina com ódio (partilha-se tudo, principalmente a fome).
Aula de educação artística, e deveras apologético pro meu gosto em torno do que é naturalmente contemplativo, notório e merecedor de registro histórico.
Bastante coerente que um filme que trata de um massacre, perpetrado também pela manipulação das imagens (e por extensão da memória), tenha tanto cuidado na representação, optando por usar bonecos de argila no lugar de pessoas.