Lupas (27)

No microcosmos do lago, há tudo o que vemos de mais encantador e mais tóxico no mundo LGBTQ: o passeio dos corpos, sexo fácil, a segregação, a solidão, o desejo de encontrar algo além do sexo. Mas mesmo assim nos arriscamos. E não falo em tão somente o simples ato de dispensar preservativo, mas de fazer das nossas vidas uma busca hedonista, misturando medo, angústia e tesão. O final do rapaz ainda clamando pelo nome do assassino, me fez questionar até que ponto permanecemos na vulnerabilidade.

Pouco importam o crime e a investigação. O valor do filme está no sexo desregulado, na beleza dos corpos descobertos em um ambiente dionisíaco palco do prazer livre. Sexo anal, oral, masturbação e voyeurismo; homens em seu estado natural, onde o desejo comanda cada ação. A produção minimalista torna tudo mais íntimo, acertando no tratamento da investigação sem fazer daquilo um espetáculo.

O confinamento do espectador em um cenário repetitivo de sensualidade e mistério, a ausência de trilha sonora e o sexo proporcionam uma experiência realista - ainda que reduzida ao essencial - e que concentra sua maior carga de tensão nos minutos finais.

Mise en scene milimetricamente construída e economia narrativa definem o filme de Guiraudie. E que final certeiro.

Um thriller corajoso, mas se sabota como suspense ao entregar o assassino logo, não atingindo nenhum ápice mesmo sendo um filme claramente anti-comercial, sobrando então para o estudo dos personagens sobre o limite do sexo e o medo fazer o restante.

Tomando o suspense como ponto de partida, o que vemos é uma crítica sutil à dinâmica dos relacionamentos gays atuais, onde perigo e prazer andam de mãos dadas quase o tempo todo. Intenso, profundo e verdadeiro.

Filme bem seco. Suspense corajoso e um tanto quanto carregado, sem nunca flertar com qualquer atmosfera que seja minimamente polida e/ou mais comercial.

Há até um resquício de simpatia pelo personagem principal no final do filme, mas até lá, são só personagens indiferentes que preenchem uma história ainda mais apática. Vale pelo clima Hitchcockiano no terceiro ato.

Aos poucos, no entanto, alguns elementos vão se encontrando para evocar os grandes thrillers do passado. Aqueles em que o mal se insinua, quase disfarçadamente, para adquirir uma presença cada vez mais opressiva.

O conflito entre desejo e repulsa, já tão bem explorado pelo Cinema (Losey, Yoshida, etc.), chega às raias da explicitude e do onirismo, e encarna-se num homem que trilha o caminho para as trevas da perdição clamando pelo seu amado assassino.

O prazer carnal homossexual das personagens é metaforizado pelo lago: escondido, afastado, reprimido, mas paradisíaco. O suspense tem seus contornos pincelados de forma muito verossímil. Grande filme.

Para Alain Guiraudie a solidão é o mais inquisidor dos sentimentos humanos, verdadeira condição da existência. Seriam medo e desejo meras ferramentas de escape? Quase uma aula de mise en scène!

Em meio a um único cenário, o isolamento, tenta aflorar o desejo que não é possível tão facilmente, para qualquer um. A felicidade pode estar lá, no fundo do lago, mas chegar sem uma ajuda que é o grande desafio.

Gosto quando o cinema rompe esses tabus e chega a nos mostrar aquilo que não estamos acostumados a ver, causando um certo incômodo, estranhamento e até certo nojo. Fora isso, existe um ótimo roteiro e uma bela ambientação do lago e seus arredores.

Compararam com Hitchcock, mas fica MUITO aquém. Final sem sentido. O "vilão" consegue tudo de forma muito fácil... A premissa do filme é interessante, mas achei mal desenvolvida.

Um lugar isolado do resto do mundo, onde pessoas procuram relações sexuais mas evitam maiores pessoalidades, são todos desconfiados uns dos outros. Um assassinato acontece, e então o filme passa a observar como isso afeta aquele cotidiano inicial.

Alain Guiraudie trata do desejo pelo perigo de forma exemplar, inserindo-nos no universo daquele lago de forma explícita e necessária para que sintamos na pele - e no resto do corpo - os dilemas de Franck em busca do que todo mundo quer: um amor.

Provavelmente o maior suspense do ano, em que existem várias camadas de mistério - no ambiente do lago, todos são familiares mas ao mesmo tempo completamente estranhos. E a mistura de violência, sexo, voyeurismo é conduzida como em um bom Hitchcock.

filme de merda. pretensioso ocioso pseudo tudo

Ao lado de Eros, o instinto de Morte. O sexo e a autodestruição. O estranho fascínio do homem com a violência, levado até as últimas consequências em um thriller hitchcockiano. Filme do ano.