O que algumas pessoas têm na cabeça ao chamar o filme de "esquerdista"? O mesmo é uma das maiores autocríticas em uma época em que todos comemoravam a recente democracia, mostrando muito bem o significado de "heroínas" partidas ao meio.
Os depoimentos dessas mulheres produzem uma obra forte, mas nunca explícita ou exploradora. Tudo ainda é ampliado pela presença espetacular de Irene Ravache, que é a vingança, o combate, a voz interna dessas mulheres fragilizadas pelo o que sofreram.
É incrível o poder das palavras daquelas sobreviventes de guerrilha que Lúcia Murat consegue dar, tendo como apoio as ótimas ironias do monólogo de Ravach, discursando sobre memória pública e privada, esterótipos e mentiras, destruição e nova vida.
Abusando do palavreado chulo, a protagonista expõe só a versão de pobres inocentes guerrilheiras, sem nenhuma contextualização do período, tudo banhado na bela filosofia esquerdista. O pior é saber que essas pessoas hoje são educadoras e historiadoras!