Criativa versão da história de Orfeu.
Envolvente e interessante, dá graça em ver, gera atenção.
As descidas ao mundo dos Mortos, os mistérios e regras próprias do sobrenatural são bons demais.
E com efeitos ótimos.
Assim como em A Bela e a Fera, o tímido surrealismo de Cocteau acaba caindo na tosqueira. Só não estraga mais o filme do que o roteiro irregular e essa direção apática.
O poeta é um ser que corteja a morte, um refém da criação e criatura presa em um estado de sonho. "Orphée" é essa representação de sensações, essa busca por transcender o tempo - um encontro entre o real e o onírico. É a poesia em imagens de Jean Cocteau.
17/06/11
Uma obra-prima do realismo poético. Cocteau nos mostra de maneira peculiar a lenda de Orfeu, mas aqui, o encanto pela Morte é maior do que com Eurídice.
Esperava discussão mais profunda de gênero, de beleza, mas achei que ficou mais no "exploitation de surrealismo" vamos dizer. Muito bem feito, diga-se. Apesar de não parecer preocupado em manter a essência original do mito, é uma adaptação bem criativa.
Há tempos que eu não via nada igual. Orfeu é lindo; é poético; é misterioso; é sombrio. "A sua profissão?" "Poeta." "Aqui diz escritor." "É quase a mesma coisa." "Aqui não existe 'quase'. O que quer dizer com poeta?" "Escrever sem ser escritor."
'Olhe-se no espelho por toda vida e verá a morte trabalhando'. Pesadelo que fascina, sobretudo pela inventividade técnica - que permanece interessante mesmo 60 anos depois - do que pela poesia (demasiada teatral).