Atmosfera fria e assombrosa criada por Melville que como de praxe não costuma me envolver então confesso que foi mais um filme do diretor que assiste em modo piloto automático, talvez nem por culpa dele e sim pelo meu desinteresse pela temática.
Uma sala, três pessoas, o tique-taque do relógio e um silêncio mortificante - o retrato de uma invasão bélica em um microcosmo doméstico, onde as linhas divisórias entre inimigos declarados impedem o desenvolvimento de qualquer contato humano, ainda que a empatia revolva sob a superfície das máscaras trajadas. O que tem de curto, tem de potente. Um soco levando a knock-out.
Uma bela adaptação de um conto super importante, publicado clandestinamente durante a ocupação alemã que virou um cult. Numa jogada muito bem sacada de invasão de domicílio, silêncio e poder da palavra, faz uma metáfora foda ao sentimento da invasão, ao mesmo tempo que todo o discurso que carrega sobre os povos, sua arte, trazem uma mensagem poderosa sobre o absurdo que foi essa ocupação. E tudo muito bem representado pela misé-en-scene e atmosfera criada por Melville.