De saída, a verborragia de Moretti cansa e até irrita, mas aos poucos é possível se afeiçoar ao diretor em seu cruzamento de real e ficção. Com seu humor crítico peculiar, ele passeia pela Itália de seu tempo levando o público a tiracolo. Quando chega ao terço final, em sua odisseia para resolver uma coceira, já somos cúmplices do diretor e torcemos por uma virada positiva.
Podemos até taxar Moretti de narcisista mas é impossível não o ser em um filme diário/documentário. Se por um lado o fator episódico traz uma certa irregularidade, de outro existem momentos e observações genias nos três episódios.
É Nanni Moretti falando de sua própria vida, o que nem sempre é tão interessante, traz momentos de reflexão geniais quando fala de novelas e médicos como também momentos insossos e exagerados, as viagens pelas ilhas italianas.
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça: falar sobre si mesmo. Gosto... não gosto. Cinema, amigos, TV, política, doenças. Moretti, ao falar de si e de tudo aquilo que o rodeia, fala do mundo.
Nanni Moretti visitando o marco da morte,acabado e mal-cuidado,de Pasolini é uma imagem para a vida.
O humor distante,irônico e MUITO inteligente de Moretti é um deleite.