Cassiel é o nome latino de um arcanjo, notavelmente o anjo da solidão e das lágrimas, na religião judaico-cristã pós-bíblica, conhecido por simplesmente observar os eventos do cosmos se desenrolarem com pouca interferência.
Tem bons momentos, que remetem ao melhor de Asas do Desejo, mas carece do brilho do precursor nas passagens temporais, reflexões e coerência da narrativa. As tentativas de alívio cômico e o final do longa são particularmente constrangedores.
A primeira hora e meia do filme mantém a beleza estética e filosófica do filme precursor, Wenders inclui análises belíssimas sobre o tempo e memória mas por alguma cargas d'água o filme se dilui em uma aventura gangster inexplicável.
Se por um lado a transformação de anjo em homem de Cassiel é até mais intensa e profunda que a de Damiel em Asas do Desejo por outro, Tão Longe, Tão Perto compartilha da mesma irregularidade em suas historias paralelas do anterior Até o Fim do Mundo.
Busca servir como um válido contraponto à Asas do Desejo, mas, ao invés de novamente mirar na essência, parece mais preocupado em apresentar uma penca de personagens e alguma aventura vagabunda que entretenha o público. Muito decepcionante para quem é fã.