Lupas (6)

Mizoguchi tinha um apreço especial pelo papel de submissão da mulher na sociedade japonesa. Por vezes, penso que sua temática é um tanto repetitiva mas é inegável seu valor histórico, ainda mais visto o quanto este papel se subverteu ao longo do tempo.

Os dramas sociais de Mizoguchi são sínicos, pessimistas e povoados por personagens que ou se escondem atrás de uma máscara de hipocrisia social e familiar ou estão sempre à beira da autodestruição. Não é o melhor dele, mas ainda assim um grande filme.

Portas que se fecham, sonhos desfeitos e a carga do destino sempre pesando para o lado feminino. Mais um belo, requintado e consistente filme de Mizoguchi.

Espião do cotidiano, Mizoguchi confere a complexidade das relações humanas e das escolhas errôneas do coração.

Ao mesmo tempo em que a mulher é uma figura fatalmente trágica para Mizoguchi, também é dotada de uma dignidade inabalável, tendo que carregar as tragédias das pessoas débeis ao seu redor. Especialmente bonita a cena final - "como se cura a delinquência?.

Uma poesia moderna,um atestado contra o machismo e também um painel sobre a situação das mulheres de seu tempo. Lindo,lindo,lindo...