Um filme que expressa um grande desencantamento diante do mundo, o mal-estar existencial de uma sociedade que não mais cultiva ilusões, que vive em um profundo estado de solidão e distanciamento. Sua protagonista apenas se movimenta, sem muito sentido ou razão, é uma inquietude de ser, uma carência de calor humano, uma exclamação de desespero. É a sensação de que o sentido das coisas é apenas melancolia, que o mundo está preso em um abismo de medos infindáveis. "Pra que serve tudo isso?"
Os longos planos focalizam os diálogos em detrimento da ação e, a cada encontro, a personalidade, os anseios e as dúvidas de Anna vão sendo descortinados, bem como seus interlocutores mostram facetas complexas. Não é nada confortável acompanhar o desalento da protagonista, mas sua jornada em busca de uma razão é comum a qualquer indivíduo.
Um retrato quase auto-biográfico de solidão e vazio. Novamente Akerman tem uma concepção genial , com todos os planos de seu filme dotados de uma simetria quase perfeita para contrapor à rotina de sua personagem, e como de costume seu ritmo fastidioso e modorrento me afastam quase que instantaneamente de qualquer conexão.
Akerman filmava o ordinário e a solidão com tanta propriedade porque, possivelmente já naquela época, conhecia e convivia com o vazio, com a dor e as incertezas da vida. Belo filme.
Um fino estudo sobre as relações humanas e as angustias e vazios que nos cercam. O trem da vida em movimento e sua eterna busca por lenitivos e respostas, quase nunca alcançadas.
Uma asfixiante ode ao destrutivo poderio atímico da solidão que reduz o ser à trejeitos robóticos quando contactado à sociedade; apatia sintomática intransmutável em todas as localidades que vagueia.