Não é de hoje que os textos do filmes do Dieterle me encatavam mas este O retrato de Jennie consegue ir muito além no que concerne sua premissa que trabalha de forma magnífica o sentido filosófico do tempo e do amor. Das raríssimas oportunidades em que o um filme romântico conseguiu me trazer alegria ao invés de desdém e desinteresse.
Mistura de O Fantasma Apaixonado e O Estranho Caso de Agelica. Apresenta o transcendental como algo que deve ser naturalizado, acolhido e vivido. É o fenômeno místico que se conecta pela máxima do subjetivismo humano: o amor. Filme que parte de uma ética do desejo, que faz até mesmo do sobrenatural um elemento convidativo e orgânico a vontade do amor.
Construído inteiramente no campo do onírico, é uma viagem romântica pelo tempo que vai ao começo do cinema atrás de imagens que parecem pintadas a mão.
É o poder da imagem e som, combinados, como poucas produções até hoje me fizeram sentir com tamanho dever imperialista, o que me remete a 2001, de Kubrick. A soberba cena da tormenta em alto-mar é um triunfo sobrenatural.
Utilizando uma boa fotografia e efeitos especiais de ponta para a época, o filme consegue dar um pouco de vida ao insosso roteiro "água com açúcar" (ainda que a ideia seja aproveitável)... O elenco não ajuda muito, assim como o final sem criatividade.