Admito que os melodramas de Lang são muito acima da média, ainda que eu passe distante de fã confesso do gênero. Aqui por exemplo se destacam as atuações brilhantes de Stanwick e Ryan, os diálogos são elegantes e certeiros, todavia confesso que o final me deixou perpelxo por sua falta total de lógica para um filme que contestava o aprisionamento feminino à sua condição de submissão.
'Don't say anything. Don't make more promises. I have to trust you'. Ao contrário do que falam, o final não contradiz o resto do filme - não há resignação, mas epifania. Fica um palpável senso de insegurança sobre os relacionamentos, afinal 'people change' - encara o casamento como um campo de expectativas contraditórias, tentativas de dominação e frustrações, além, claro, da atração, dos sentimentos e da realização. Ambíguo e vívido. Difícil e digno. Amargo e doce.
Finais como o de Clash by Night, não são o tipo de final alternativo que nada compromete o que foi mostrado até ali. Apesar de proveitosa a discussão, muito devido a elegância de Lang, o desfecho contradiz os argumentos mais ousados do filme.
Muito interessante a discussão de gênero que o filme provoca, ainda mais para os padrões da época. Apesar de no final o valor da família ser vitorioso, o filme de certa forma discute o casamento e a liberdade e o poder da mulher.
Lang faz com que o clima de tragédia venha do mar. Ele, que em outros tempos não filmava o mar, por medo de sua força. Aqui filma o mar, Barbara e Marilyn: três forças da natureza.