Inventivo, bebendo em várias fontes populares. Consegue o que Pasolini buscou por anos: criticar o marxismo e o Capitalismo extremado de forma aguda e bem humorada. E deixa espaço para uma profissão de fé no desenvolvimento do espírito humano. Totò e sua mãe são os destaques entre os deliciosos e grandiosos personagens que surgem. A cena da fresta de sol é pungente e onírica.
Em tom de fábula, de Sica aborda o cotidiano de gente de poucos recursos e muito coração, sua temática preferida. Totò é um fofo cheio de bondade, e o contraponto é o sistema capitalista e sua sanha monetária insaciável, que até negocia, mas é da boca para fora.
Linda fábula de De Sica c/fortes raízes no Neorrealismo. A miséria do pós-Guerra vista pelos olhos inocentes e angelicais de Totò, o menino que "nasceu da horta", c/um forte humanismo e coadjuvantes autênticos e carismáticos carregados de alma "veramente" italiana. Uma obra que alterna de lindas metáforas, como o velhinho vendedor de balão q quase sai voando por falta de comida, a cenas engraçadíssimas, como o gago q não consegue terminar a propaganda do chocolate. Lazzaro Fellice mandou um abs.
Sem nunca deixar de escancarar a realidade, De Sica cria uma fábula inocente que consome o espectador num misto de esperança utopia, alegria, tristeza, amargura e felicidade. Se não há espaço em terra então voemos. É lindo.
Tendo o humanismo como base de seu Cinema, Vittorio de Sica realizou aqui uma fábula social, um olhar singelo para com os desfavorecidos, com muito humor e fantasia, mas que não se furta em escancarar a realidade miserável de seus personagens. Muito bom!
14/08/11 -O filme mais otimista de De Sica, em uma fábula onde há magia, momentos de humor, um personagem cativante que exala pureza e o bem vencendo o mal. A crítica à desigualdade social e à ganância está presente de maneira explícita.