Registra com detalhes os anos pesados de Graciliano Ramos em prisões sem o mínimo de digninidade. Em meio àqueles ninguéns, ele vira testemunha do horror e tem no lápis e no papel seus únicos refúgios. A longa duração pode assustar, mas se justifica pela abordagem.
Uma obra pretensiosa, não apenas ao retratar Graciliano Ramos em pessoa, sua prisão política e seu processo de construção de Memórias do Cárcere, como também pela pretensão de aprofundar um retrato da política brasileira, seu maior mérito, com uma série de tiradas bem sacadas, coadjuvantes legais e grande elenco. Tem um discurso político bastante intelectualizado, pra quem gosta vale a pena. Puta filme importante, mas poderia ser bem mais curto, não precisava ter 3 horas.
O homem condenado por suas ideias, vítima do estado de exceção - reduzido ao primitivo. Espectro em busca de palavras e humanidade. Nelson Pereira dos Santos abraça o realismo, sua imagem é rigor e primazia (a força do relato de Graciliano Ramos). Grande!
O desenvolvimento não é dos melhores, mas o retrato de um período difícil do Brasil é interessante através de um dos nossos grandes escritores. E ainda por cima ajuda a compreender como é importante saber a História pra entender perseguições do presente.
Gostei mais de sua contextualização histórica do que do filme propriamente dito que parece não chegar à lugar algum, apenas à uma crítica leve ao aprisionamento político e uma leve tendência esquerdista.
26/02/11 - Mais uma vez Nelson Pereira do Santos acerta em cheio uma adaptação de Graciliano Ramos. Documenta desde a época em que Graciliano era professor em Alagoas, seu envolvimento com a Aliança Nacional Libertadora e a prisão.