Sugestivo no ponto certo e concreto quando precisa ser, O Inferno de Clouzot é a exposição do making of de algo possível, habitando o amplo rol do “quase”. É o foco poético frustrado pela rota turva da realidade dura.
As imagens filmadas por Clouzot são impressionantes, assim como a exuberância e sensualidade de Romy Schneider. Já o documentário de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea é, para economizar, irregular.
Quando começam a dramatizar o texto de Clouzot, sem cenário e com os cadernos na mão (para não parecerem tão presunçosos), vemos que não vai muita coisa dalí.
Tem como maior trunfo a sua própria falha, que permite que as imagens desse inferno sobrevivam como a única coisa que elas podem realmente ser: um absoluto e impenetrável enigma.