Mistura de um erotismo sagaz com denúncia social, "O Bruto" é mais um dos filmes que Buñuel fez sob encomenda no México, mas aqui gozando de maior liberdade e com suas artimanhas se desenvolvendo melhor na tela. A fotografia (cortesia de Agustín Jiménez) também é um achado, faz o filme parecer uma ópera expressionista.
É um filme total indústria, mas de boas qualidades. Buñuel faz uma espécie de noir (aliás, uma boa fotografia ao estilo) p/tratar da essência bruta masculina, muito bem retratada em detalhes como no trabalho e no bar, c/um personagem bem humanizado, q foge do maniqueísmo industrial, e s/perder o foco na questão social e de classe. O Bruto é quase uma Fera de "A Bela e a Fera" a ser domado p/pura beleza feminina de Meche, e Paloma como a vilã sensual da luxúria. Filme de personalidade.
Uma obra pequena e da qual o diretor pouco se lembraria ou comentaria nos anos seguintes, mas que consta entre as melhores películas encomendadas que ele entregou para os estúdios mexicanos.
Desnecessário na filmografia de Buñuel, traz ainda algumas generalizações que ultrapassam o limite do bom-senso - até mesmo para Buñuel - como "a lei só é feita para os ricos"; fora o exagero na caracterização do senhor proprietário.