Bonito pra cacete, tem um visual e uma elegância impressionante.
Os dois primeiros contos são ótimos - que momento incrível é a missa, transcreveu a fé e a paz de Deus em tela, tocando o lindíssimo hino 'Nearer, My God, To Thee'.
Jamais essa questão essencial foi tão bem mostrada.
A direção de arte é um escândalo, e salta aos olhos desde os primeiros minutos, bem como a charmosa narração de um Maupassant sabidamente feito para o filme. Quando se olha para o enredo, porém, as três histórias compõem um mosaico irregular de emoções humanas, com a menos interessante delas ocupando mais tempo. Os vinte minutos finais é que são o melhor da experiência.
A forma como Ophuls caminha sua câmera através de travellings brilhantes encantará qualquer cinéfilo. Há algo de muito próximo ao realismo poético francês dos anos 30, sentimento ainda mais impulsionado pela presença de Jean Gabin; É um ótimo filme que no todo não me conquista completamente apesar de suas nítidas qualidades.
A câmera fantasma de Max Ophüls é um achado visual da mais pura elegância barroca. É fascinante a forma como ela se define, por vezes é um admirador (mero coadjuvante), ou ela própria é o centro da ação. Mas é a arte da composição que sempre prevalece.
A obra de Max Ophüls é tão bela quanto complexa. Nela, o barroco das imagens corresponde aos movimentos complexos da alma. Complexos, mas como que incompletos. Sua volta à França, nos 1950, foi luminosa, como se poderá conferir aqui.
Puro exercício de estilo nos ângulos tortos, na narrativa tão inconsistente quanto irrelevante, na câmera que se move como mais um personagem em cena ao ponto de literalmente vir a encarnar em um deles. Radical e lindo demais.