Conceito belíssimo concebido por King Vidor além de um retrato/ painel dos mais sóbrios a humanidade e talvez se torne mais contundente ainda quando o comparamos com os dias atuais e chegamos a conclusão de que o ser humano continua exatamente o mesmo, apenas o meio e as ferramentas se modificaram quando a rua passa a ser a rede social. Não evoluímos nadinha.
Um único dia é o bastante para uma longa cadeia de acontecimentos num bairro de má fama. Com essa premissa, Vidor traz à tela um painel de relações humanas precursor de tantos outros, aliando técnica e dramaturgia em plena década de 30. A vizinhança maledicente em contraste com os (ainda?) não corrompidos é uma temática incomodamente atual.
Drama urbano numa construção hiperbólica que se amolda perfeitamente ao conceito de cinema popular. Sucumbência dos personagens a sociedade do espetáculo, uma obra de King Vidor!!
Se o poderio imagético do cinema mudo trouxe poesia ao sonho realista de Vidor (A Turba), foi o som que o proporcionou uma proximidade ainda maior com o real, sem é claro deixar a poesia de lado.
Em ''Street Scene'', King Vidor converte a câmera em uma espécie de observadora do cotidiano - não pelo mero ato de observar - mas sim transformá-la em testemunha da singularidade de seus personagens, da própria vida em estado bruto. Grande filme!