A dor da perda de um ente querido que causa uma cicatriz que nunca se fechará por completo, a vida continua no seu cotidiano, mas um misto de rancor e afeto viverão pra sempre escancarados ou de maneira sutil.
Um retrato sobre relações familiares, mortalidade e lembranças. Cheio de pequenas revelações que compõem as memórias e os arrependimentos de todos. Lindo em toda sua essência. Kore-eda demonstra aqui sua inspiração no cinema de Yasujiro Ozu e seu interesse em abordar o conceito de família nos mais diversos cenários, realizando um filme de profundo impacto emocional.
É um filme todo sensível ainda que retrate uma relação corrosiva e amargurada de seus personagens. Koreeda passeia pelo cinema de Ozu em suas relações familiares mas imprime um pouco mais de melodramaticidade e dor. É bonito mas ao mesmo tempo frio.
Rancores, afetos, mágoas, memórias, ausências, frustrações... Koreeda faz o mais próximo possível de um definitivo filme sobre a família, analisando com sua costumeira precisão as dualidades dos personagens e das relações retratadas.
Mais do que ações, o cinema de Kore-eda é feito de momentos, e ele não abandona sua vocação a cada trabalho. Como um observador sensível e paciente, nos leva para dentro de mais uma família e suas questões.