A rigorosa encenação promovida por Joseph Losey leva a construção de uma atmosfera kafkiana, opressiva, lúgubre. Condizente com a França ocupada pelos nazistas, com o colaboracionismo indiferente de um país, com o estado de letargia dos franceses, com a condição de paranoia e obsessão que domina o protagonista. Convém sempre lembrar do silêncio cúmplice, da indiferença com a tragédia do outro, a alienação perante o regime opressor. Um dia a máquina pode se voltar contra você. Obra-prima!
Um filme de construção climática e de misè-en-scene absurdos, Losey se apóia muito no cinema de Mellville, com planos longos, frios, calculados e cinzentos. Confesso que o roteiro me afastou um tanto daquela atmosfera ainda que traga boas reflexões à respeito da identidade e também da conivência.
Losey nos transporta para a França ocupada de 42 de forma transcendental, é como se estivéssemos ali em meio à loucura, ignorância e o medo, em um domínio técnico fabuloso. Delon parte de um inescrupuloso 'cidadão de bem' que é a personificação da indiferença à um personagem obsessivo que precisa correr contra o tempo para provar sua identidade. Filmaço!
Mescla de trama policial e existencial dum personagem judeu/francês, q em sua arrogância francesa não crê em seu perigo. "Como um abutre perfurado p/ uma seta, mas q continua a voar". Belo retrato da França ocupada e sua elite. Prod. do próprio A.Dellon