Fritz Lang criou uma atmosfera de horror gótico para posicionar seu insano protagonista como uma força da natureza, um ente macabro capaz de influenciar negativamente todos ao seu redor. É um trabalho ousado e perturbador para a época.
Nada como um diretor com domínio do fio narrativo e da ambientação para fisgar a plateia. Em sua fase estadunidense, Lang foi tão produtivo e autoral quanto na alemã, e esse drama sobre o escritor devorado pela própria arrogância é de deixar muitas novelas globais no chinelo.
Lang vai fundo na construção fantasmagórica, criando uma potente aura maldita e sobrenatural a partir de um alto contraste do P&B e da exploração precisa do sombrio ambiente interno da mansão, que fazem toda a diferença nesse suspense cujo protagonista torpe, mimado e narcisista, como um ímã, atrai os personagens de boa índole e os conduz numa marcha fúnebre esvaziada de esperança.
Grande mérito para o obscuridade da fotografia , o contraste entre o claro/escuro numa jornada noir de crime e loucura que peca um bocadinho em seu final antí-climático e chocho. Funciona, porém lhe falta conseguir gerar no espectador o calafrio típico do