Fotografia belíssima, música do gênio Sergei Prokofiev, destaque para Nikolay Cherkasov que parece possuído pelo papel de Ivã, cuja a biografia é representada de forma grandíssima por Eisenstein. Vemos um monarca ascender ao poder e fortalecer-se mesmo diante de tantas intrigas palacianas, mas o preço pode ser caro demais. Obrigatório.
A estranha simetria dos planos e enquadramentos realçam a personalidade atormentada do protagonista, o jogo de intrigas da corte, a própria atmosfera da Rússia em plena Segunda Guerra Mundial. É um achado em termos de encenação, luzes e sombras, momento histórico. Sergei M. Eisenstein realizaria ainda mais na segunda parte.
O campo de batalha do cinema expressionista (luz e sombras; paixão, inveja, ambição, violência e morte!). Projeções incríveis e olhares arrebatadores que ressaltam um eminente conflito em meio ao luxo dos rituais da nova aristocracia.
A alma e rosto do cinema mudo são imponentes. As sombras crescem em cada meia-luz, a edição brinca muito bem com a imagem, as atuações teatrais criam o tom. Antiquado é.
O cinema de Eisenstein funciona melhor longe dos discursos panfletários socialistas.
Em Ivan, temos cenários maravilhosos, grande direção de arte , uso de fotografia com sombras gigantes, closes que buscam ênfase no expressionismo e uma aura de terror causada por uma trilha sonora apavorante. Pena que a estória em si não é interessante.
É, para muitos (Eric Rohmer entre eles, o que não é pouco), é o maior filme do cineasta russo. Ao contrário do que se poderia imaginar, o som aqui só alargou os horizontes da arte do cineasta.
Como suas imagens de luzes e sombras e uma direção de arte luxuosa, Eisenstein cria um épico interessante, mesmo que com alguns problemas de ritmo e teatralidade nas atuações.