Filme de atmosfera que possibilita diversas interpretações por trabalhar com simbolismos e metáforas. Não é tão difícil de assistir (a curta duração ajuda), sua superfície é clara e algumas camadas consegui identificar, embora soem pretensiosas.
Bressane consegue resgatar o amor pelo cinema ao encapsular tempo e som na harmonia de uma narrativa que, senão no todo, dispensa a palavra e dá queixa dos amores e temores de um artista pela vida, expondo em alegorias as raízes de sua poesia Antonioni.
Hermetismo excessivo sempre me atrapalhou, peço desculpas pela minha ignorância e as vezes até me pergunto se é correto dar uma nota a esse filme que considerei insuportavelmente chato.
A obra de Bressane é profundamente perturbadora e de uma intensidade alegórica inquietante.
É um filme provocante que discute natureza e cultura, a relação com o corpo, o desejo reprimido e a fantasia que povoam o inconsciente.
Lembra um pouco de Blowup em sua exploração da imagem: infinitas ampliações não revelam a realidade, mas esvaziam a imagem. Aqui a realidade é dissecada até o ponto da violência, por palavras e imagens, explorada obsessivamente em busca de sua essência.