Belo filme, se aproveitando da presença escultural da Ava Gardner, da perspicácia e sinceridade do personagem do Bogart. Ao mesmo tempo em que há uma dualidade de narrativas que é pra lá de interessante, temos tbm confrontações intensas e ácidas observações sobre o nefasto mundo dos milionários californianos da indústria.
O começo é espetacular, Bogart numa mesa de bar, tentando contratar uma luxuriosa dançarina espanhola - Ava Gardner em momento de incrível beleza.
Mas o meio não honra o mesmo nível, muito volteio e pedaços quebrados, faltou mostrar a carreira meteórica.
Os minutos iniciais indicariam um filme mais poderoso e contundente. A estrutura aos moldes de Cidadão Kane estão atrapalhadas e o ritmo da trama parece nunca se desenvolver plenamente.
Um filme feito sob encomenda para Ava Gardner (provavelmente por influência de seu companheiro Howard Hughes). É nítido que Mankiewicz "força a barra" no roteiro, reservando-lhe as melhores cenas.
Como revelar em toda sua plenitude Maria Vargas, ou melhor, Ava Gardner, o "animal mais belo do mundo"? Tarefa árdua que Mankiewicz assume, através de fragmentos e pontos de vista fascinantes, com a cadência descritiva que lhe é peculiar.
Uma dançarina "marrenta", que não faz "teste de sofá" e mesmo assim a carreira decola mais rápido que caça... Muito papo filosófico e sequências improváveis, inclusive o casamento da fogosa cinderela de príncipe plebeu com o conde eunuco...