O enredo simples se torna confuso com o emaranhado histórico que o atravessa. Sobrou tempo, faltou envolvimento com a trama de uma amizade em que a obsessão de um acaba sendo a ruína dos dois. Um dos poucos casos de Palma de Ouro superestimadas.
Há camadas a analisar (abuso de autoridade e violência na arte, amor incondicional pelo o que faz, a inevitável passagem do tempo) com o pano de fundo dos maiores acontecimentos históricos na China contemporânea mas o estudo de personagens é o ponto alto.
Esteticamente é um filme lindo e melancólico, cheio de ranços de sofrimento de uma nação em constante revolução. Mas talvez a duração ou minha falta de envolvimento com os personagens foi gradativamente diminuindo meu interesse pelo filme.
Se em O Último Imperador, a China do séc 20 foi despida sob a visão da monarquia decadente, agora é a vez da arte exibir seu choro. Entre cantos, pauladas e maquiagens borradas, Dieyi realiza seu espetáculo que culminará em um angustiante ultimo ato.
Não é um legítimo épico, mas finge ser muito bem por ser uma obra corajosa, linda, imponente, equilibrada, universal e leve, apesar da duração excessiva que se justifica, o que é essencial! Grandes atuações!
Tão estranho como fascinante.
Sob o desconhecido mundo da ópera chinesa do século XX, vemos a vida inteira de dois homens sofridos, tratados no cacete, preparados a chicote para serem líricos de alto nível.
Um desses forjado para cantar como mulher, algo que mudou sua personalidade e transtornou seu corpo - catalisado pelo estupro de um traste safado.
A confusão da sociedade chinesa daqueles tempos amplia tudo isso.
Uma transformação profunda que derrubou (e depois estabilizou) tudo.