Filme de um mórbido lirismo, amargo, trágico; história de um homem incapaz de sentir a vida, obcecado pela morte, preso na penumbra da lembrança. François Truffaut criou imagens belas e tristes, imagens que evocam um lamento do fundo da consciência. Ele não tratou a morte com receio ou espetáculo, mas como a parte intrínseca e irremediável da vida que ela é. Filme de um autor consciente de sua obra, no melhor de sua forma.
Julien é um sujeito difícil e representa aquelas pessoas que se apegam ao que se foi, mas não enxergam o que têm diante dos olhos. Com um ritmo irregular, Truffaut propõe uma reflexão oportuna sobre visões equivocadas.
É no quarto verde, altar para sua falecida esposa, que ele realmente vive, ama. Quando velas começam a simbolizar cada morto que passou por sua vida, uma nova possibilidade amorosa floresce, mas para ele não há outra resposta a isso, senão a morte.
Um tanto quanto tétrico, porém, a convincen- te atuação como ator e também, segurança na direção de FRANÇOIS TRUFFAUD, seguram o filme, aliado a beleza de NATHALIE BAYE
Uma espécie de Zurlini de Truffaut, não só apenas pela incursão de personagens, mas também por tratar da vida cheia de mortos e da tragédia pessoal com tanta singeleza e lirismo.
1) Apesar de fã declarado e admirador de sua ousadia, são evidentes as limitações de Truffaut diante de determinados temas. 2) Preservar a memória é nobre, comovente e fundamental. Luto permanente e obsessão excessiva pela morte, definitivamente, não são.
Pouco interessante e com atores medianos, a "morte" poderia ser muito melhor trabalhada, bem como o luto dos personagens, dirigido de forma inocente e tola por Truffaut.