O delicioso jogo de trapaças em que o trapaceiro também é vítima funciona muito bem nas mãos de Wilder, e a belezura Dietrich mais uma vez comprova seu magnetismo. Arhur segura bem a verve cômica e tem seus momentos de brilho solo, resultando em uma narrativa de composição bastante harmônica para ambas.
A alma de Billy WIlder se faz presente em uma critica cheia de ironia ao moralismo americano que no fundo não era tão diverso daquele implantado por Hitler. O texto é apenas razoável mas há algo de insosso neste filme que não me permite avaliá-lo como uma obra ao nível do cinema costumeiro de WIlder. Talvez seja a lembrança de Ninotchka que paire o tempo na projeção.
Faltou um pouco daqueles diálogos ácidos característicos de Wilder, mas a visão cínica que o diretor coloca nas instituições americanas (Congresso e Exército), mostrando a fálacia em torno da moral americana, em plena década de 40, vale a conferida!
Wilder, sempre irônico, usando história para filmar paradoxos, sejam eles de guerra, sejam das relações humanas, tendo essas um delicioso contexto livre ainda que de época. Um filme sutil.
Ainda não desisti. Vou continuar procurando um filme verdadeiramente ruim que tenha a assinatura de Billy Wilder. Todos os grandes diretores tem um, pelo menos. Não é possível que só ele não tenha.