- Direção
- Roteiro:
- Yasujiro Ozu (roteiro), Kôgo Noda (roteiro), Kazuo Hirotsu (livro)
- Gênero:
- Origem:
- Estreia:
- 31/12/1969
- Duração:
- 108 minutos
Lupas (16)
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Yasujiro Ozu tinha um olhar apurado para filmar os dramas do cotidiano, as transformações do Japão no pós-guerra, o conflito de gerações, a poesia em curso na vida. 'Pai e Filha' coloca todas essas questões na tela, sempre com sensibilidade, humanismo e poesia. Nunca julgando, sempre com ternura, observando o curso infindável da existência. A simplicidade encantadora de quem domina com paixão o fazer de sua arte. Filme em estado de graça.
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Ozu tinha uma sensibilidade singular. Com muito sendo transmitido nos silêncios e entrelinhas, vemos uma relação terna se curvando a inevitabilidade do seu tempo, em que independência e conformismo oscilam por escolhas amargas. Amar é sofrer, ser feliz é se convencer.
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Pai e Filha talvez seja o ponto mais alto do cinema de Ozu em relação a opressão cultural e tradicional às mulheres. Toda a sequencia da cena onde Noriko começa a perceber que tudo terá de mudar e seu desespero contido é muito interessante.
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O sorriso quase que onipresente da protagonista é a melhor forma de retratar o afeto que ela tem por seu pai, que se estende para um apego com aquela vida. Ela, presa a este mundo, resiste ao futuro e as mudanças; essas mudanças que não são um resultado espontâneo de sua vida, mas a imposição que as tradições japonesas exigem. Um ode ao presente, que, de forma abrupta, se perde como se fosse uma regra.
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Na memória ficará a visão de felicidade de Ozu, da construção da felicidade nem sempre proeminente aos olhos e também a dualidade de sentimentos de seus personagens no limite entre dependência, amor e conceções.
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Concessões e aceitações em meio a vácuos de geração.
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A visão singular de Ozu para a espacialidade em seus enquadramentos se reflete em sua abordagem temática, única por enxergar no cotidiano a mais pura introspecção. É um olhar diferenciado, é cinema contemplativo por excelência.
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Quase absurdo como um radicalismo formal (em especial a câmera estática e os contra-plongées) podem ser instrumentos para se contar banalidades da vida de maneira tão enxuta e equilibrada. É tão lindo de maneira tão delicada que só vendo pra entender.
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Marca o início da parceira com Noda, cinema família, cotidiano, de bons valores tradicionais do Ozu, e já comeca bem! Trata a relacão entre pai e filha como uma espécie de primeiro casamento. Belo retrato de costumes e de geracões, e um belo minimalismo.
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26/07/08
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Nos entrechos do cotidiano, reside a beleza do cinema de Ozu, um atento observador que chama à contemplação. O amor entre pai e filha visto com todas as suas sutilezas e um monólogo exemplar quase no final.
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Uma das cenas finais que não se esquecem fácilmente, e resume quase todos os temas pertinentes e universais tratados por Ozu neste filme: amor, tempo, separação.
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É por isso que todo filme onde é citada a palavra "família" bebe da filmografia de Ozu. Muito além disso, Ozu tirava a força da leveza de seus arcos dramáticos, leves e despretensiosos a ponto de flutuarem. Coisa de mestre.
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O caminhar uniforme da narrativa favorece a catarse - ainda que implícita - através de detalhes singelos. Habilidade que requer perfeccionismo de mestre. Ozu era mestre. Resta-nos saber qual foi sua maior musa: Setsuko Hara ou a rotina.
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Filme simples e tocante. A personagem Noriko consegue sustentar todo o peso das relações e obrigações familiares com um olhar meio perdido, meio triste, e sempre um sorriso no rosto.
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Acho que Ozu conseguiu fazer aqui sua primeira obra perfeita. Lindo!