Lupas (17)

Filme bizarro! Parece que geral neste filme tem problemas mentais.

Uma tragicomédia da solidão com uma estrutura um tanto desconexa que não me agrada, mas funciona ora e outra.

Toda a parte técnica é muito bem trabalhada, principalmente a direção de arte e a escolha das locações. O fato dos policiais não terem nome é um detalhe inteligente, e no meio daquele caos urbano pra quê ressaltar essas individualidades? O problema aqui fica por falta do desenvolvimento de ambas as histórias. O desfecho da primeira me pareceu apressado e forçado, enquanto que o segundo ficou muito cansativo. Em nenhum momento o amor dito em ambas as situações me pareceu comovente e convincente.

A direção de Kar Wai Wong tem seus momentos, mas seus personagens são tão infantis, piegas e carentes ao extremo que só de olhar para seus rostos já nos irritamos.

Impressionante o processo fílmico de Wong, como os filmes deles transbordam sensibilidade e beleza, você acaba um filme dele já querendo revê-lo ou buscar alguma outra obra do diretor, magnifico. Amores expressos conta duas historias, uma mais melancólica e poética,assim como seu protagonista e sua musica tema(Things in Life do Dennis Brown), já a segunda tem todo o frescor e agitação de sua protagonista e sua musica( California Dreams), quem já amou e sofreu por ele sabe a verdade ali contida.

A menina vai de fato se apaixonar por outro homem, ou é mesmo homem modificado? Quem pode dizer qual o destino de nossa viagem, o destino de nossas vidas, pra onde vamos e quem irá nos levar se nossos desejos e sonhos(California Dreamin) são tão mutáveis?

Kar Wai e seu fascínio pelos desencontros da vida, a efemeridade do instante, a intensidade do agora e a distância que separa uma alma da outra.

Pequenos momentos, belas histórias. Simplicidade geral, cenas diárias, vida de muitos representada em dois pares. Fora essa música lindona que não sai da cabeça. Quem não terminar bem com Kar Wai não tem alegria no coração.

Deliciosa simetria de valores cinematográficos em combustão, conferindo aos malabares típicos de Wong o poder quase que total da imagem, de novo, em fruições contagiosas de uma edição sensacional. Um belo filme; globalizado como manda o figurino.

Rápidos e belos como curtos poemas.

Wong Kar Wai desenvolve o roteiro de maneira criativa e inteligente, monta um ambiente solitário e expressa bem a alma dos personagens, concebendo uma obra profunda e envolvente. Chungking Express é ótimo e icônico.

Frustrações e recomeços. - Para onde você quer ir? Para onde você quiser me levar.

17/11/96

Fragmentos de memória, sons nostálgicos, suspiros perdidos no ar. Viver é estar em uma viagem para a qual não se comprou bilhete: uma vez neste mundo, é preciso escolher o tempo todo um sentido e uma direção.

Filme inquieto, instantâneo, cheio da vivacidade de Kar Wai, que observa seus personagens vivos e reais, entre amores passageiros, sentimentos com validade, solidão, presença e instabilidade, com seu humor sutil, muitas cores, sons e sensibilidade.

Um Kar Wai solto e seguro na direção, porém o prefiro mais poético e menos frenético, ainda que agradável, esta obra alterna bons e maus momentos, quando apresenta uma historia superior a outra, no caso a da traficante é a melhor.