Não teria sido má ideia um encurtamento da narrativa, um tanto redundante em mostrar a incisiva perseguição do policial pelo verdadeiro culpado. Descontado esse e outros pormenores, Kurosawa traz mais uma ótima reflexão sobre conceitos que precisam ser revistos a partir de surpresas nada agradáveis, em mais uma bela parceria com o grande Mifune.
Kurosawa filma o abandono e desilusão que se abatem sobre o Japão do pós-guerra. Ele mostra as ruas onde marginalidade, violência e medo são os reflexos da guerra, que passou, mas ainda é presente. Entretanto a esperança está lá, é o humanismo do diretor.
Filme policial bastante competente especialmente pela crítica à desmoralização dos valores da sociedade japonesa mas confesso que a trama em si foi cansativa e um tanto repetitiva.
Um furto de uma arma como pretexto para a exposição de uma sociedade decadente, adentrar no conturbado espiral pessoal do personagem de Mifune é um caminho sem volta.
Versão oriental de Sherlock Holmes, estilo Kurosawa. Ainda que não seja um dos produtos irrepreensíveis do mestre, é um drama policial que se expande timidamente em caminhos quase acadêmicos. Satisfatório.
Brilhante, no mínimo. Mistura de clima noir, teor social e dilema moral que só mesmo as fortemente expressivas imagens de Kurosawa poderiam dar conta - os quase 10 minutos de Mifune vagando à procura da arma e o confronto final beiram a perfeição.