"Apesar de ter levado o Estúdio a falência, A Ilha da Garganta Cortada é uma verdadeira homenagem aos filmes de pirata de antigamente..."
Quando Renny Harlim (Duro de Matar 2) se propôs a levar A Ilha da Garganta Cortada para as telas do cinema, uma superprodução estrelada por sua esposa, a vencedora do Oscar Genna Davis (Thelma & Louise), buscando resgatar o espírito e a magia dos filmes de pirata clássicos do cinema, mal sabia que o resultado de seus esforços resultaria num dos maiores fracassos de todos os tempos, levando o estúdio que o financiou a falência.
A produção foi bastante conturbada desde o inicio, a começar pela recusa de Michael Douglas em interpretar o personagem Willian Shaw, visto que descobriu que a protagonista da estória seria a personagem de Davis. Com sua saída, Mathew Modine (Nascido para Matar) assumiu o seu lugar, compondo um personagem digno e carismático, na medida do possível. Genna Davis, apesar das críticas que recebeu, faz de Morgan Adams, uma mulher fascinante, idealista, forte e destemida, não se resumindo a um rosto bonito (lembrando Sigourney Weaver na saga Alien). O ótimo Frank Langella (Dracula) esta bem caricato aqui como o pirata Dawg Brown, mas sua presença sempre marcante compensa este fato.
A parte técnica impressiona, seja na precisa reconstituição de época, com belos e suntuosos salões de festa, figurinos elegantes, embarcações construídas em tamanho real (custando US$ 1 milhão cada para ser construída) ou os efeitos especias práticos e nostálgicos, como não se faz mais hoje em dia. A trilha sonora de John Debney resgata aquele espírito aventureiro destas produções com eficiência também. Harlim e sua equipe apostaram alto no projeto, que custou aos cofres do estúdio, a bagatela de US$ 95 milhões, um valor altíssimo para a época.
Filmes sobre piratas nunca haviam dado certo no cinema, como a superprodução Piratas de Roman Polanski lançada em 1986 comprovou, sendo um fracasso colossal de público e crítica. O sub-gênero só viria a se tornar uma febre com o fenômeno Piratas do Caribe de Gore Verbinski lançado em 2003, inciando uma das sagas mais bem-sucedidas da atualidade e uma verdadeira mina de ouro para a Disney.
No entanto, apesar da má fama que conquistou graças ao fracasso comercial e as críticas nada favoráveis que recebeu na época de seu lançamento, A Ilha da Garganta Cortada é uma das aventuras mais divertidas, inocentes e charmosas sobre pirataria, com momentos marcantes e detalhes que fazem toda a diferença, como o mapa do tesouro (escondido em um local especial), o espirituoso macaquinho, a vertiginosa queda no precipício, a intensa fuga de carruagem, o inspirado desfecho do vilão, a busca e resgate do tesouro, entre outros. São elementos como estes que fazem a diferença e tornam a experiência tão especial, que sem dúvida inspirou muitas produções semelhantes (como A Múmia, por exemplo) e se tornou um dos filmes mais reprisados da TV brasileira.
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