Dono de uma obra para muitos superestimada, o diretor inglês Stephen Daldry é contudo um realizador inquieto. Sua pequena filmografia trata de assuntos como homossexualismo, depressão, nazismo, dramas psicológicos, entre outros. Em Trash: A Esperança Vem do Lixo, os temas são miséria do terceiro mundo, corrupção, violência policial. Se há um acerto em retratar o Brasil ( mais especificamente o lado B do Rio de Janeiro) pela ótica realística e cruel e toda a pobreza, este filme é quase um total desastre em tudo que se propõe.
Começa bem, com uma sequencia de perseguição entre a policia e o personagem de Wagner Moura ( pouco aproveitado), tudo por conta de uma carteira. Logo esta carteira caíra nas mãos de três garotos catadores, que encontram o objeto num lixão próximo a uma favela no RJ. Dentro dela há informações que podem incriminar um influente politico.
Os garotos são atores amadores e comportam-se como tal. Existe sim um empenho, mas nota-se um constrangedor panorama. Outro equivoco enorme é a inserção de Martin Sheen ( vivendo um padre beberão) e Rooney Mara. Seus personagens são totalmente descartáveis, assim como os trechos interpretados em inglês ao longo do filme, absolutamente fora de espaço. Não existe outra explicação, senão a de maior repercussão internacional , com a presença de atores americanos. Falando ainda em interpretação, somos coroados com a pior atuação de Selton Mello em todo sua carreira. Interpretando um policial corrupto e truculento, sua atuação é tão preguiçosa que incomoda tanta falta de propósito.
Tratando agora do roteiro, aquele que embarcar em tamanha fantasia pode sim apreciar o filme. Do contrário, qualquer discernimento ou lógica faz seu titulo "trash" soar como adjetivo. Não que um filme necessite de realidade absoluta, mas este, quase insulta o espectador. A começar pelo trio central. Retratados como marginalizados e trabalham dentro do lixão para sobreviver, fica difícil acreditar nas habilidades em falar inglês, arquitetar planos mirabolantes (que estão sempre a frente da policia), encontrar soluções a lá Sherlock Holmes, e por ai vai. Não há sequer uma explicação coesa da motivação que leva os garotos a investigar o assunto. Obvio que todos já sabemos onde isso vai dar.
Nota-se no entanto, um grande trabalho de câmera e enquadramentos, boa trilha sonora nacional e tudo aquilo que o Brasil tem de podre. A visão de um estrangeiro, é sim mais sórdida que vista em fitas similares feitas por cineastas nacionais.
Em seu final, fica claro como tudo aquilo é um grande erro, e tudo termina assim como começou. Sem nenhuma boa explicação.
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