Atualmente, nenhum realizador de cinema americano provoca tanta cizânia entre os cinéfilos, fãs de quadrinhos, nerds ou críticos de fóruns de internet quanto Christopher Nolan. Comumente rotulado como visionário por uns, e inautêntico por outros, seu cinema é todavia ousado, e Nolan esperto. A diferença tênue da esperteza com a inteligência todos sabemos. Seu primeiro filme de sucesso foi o originalíssimo Amnésia, e ganhou fama e notoriedade reinventando a cine-serie Batman. Entre os filmes do Homem Morcego, realizou projetos mais autorais, e é Interestelar seu longa mais audacioso.
No limite entre o pseudo-intelectual e o onírico, a trama é costurada por maneirismos e muita explicação científica, fato que desagradará uma boa parcela do público. Talvez sua maior virtude seja as mastigadas justificações do filme. Não que Interestelar seja um filme ruim, longe disso, mas certamente é pior do diretor.
Engatando uma sequencia magnífica de grandes personagens, Matthew McConaughey, se destaca novamente como protagonista. Todo elenco aliás, está bem escalado. Os efeitos visuais são também grandiosos e fascinantes, apesar de curtos. Nada que justifique a estatueta que recebeu, já que seus concorrentes tem efeitos infinitamente melhores, mas que devido ao teor comercial e ao preconceito dos velhos da industria foram preteridos.
O inicio da trama é promissora. Num planeta a beira da escassez de seus recursos naturais, e em condições climáticas alarmantes, a vida humana está em risco. Cooper ( McConaughey) é um fazendeiro que mora com os filhos, e por razões turvas pilotará uma nave a serviço da NASA. O propósito é chegar a um planeta humanamente habitável, e assim salvar a raça humana. Se na primeira hora, temos a apresentação dos personagens e a viagem, chegamos a primeira grande cena do filme. O pouso no planeta desconhecido, e uma onda gigantesca em câmera lenta. A partir dai, Interestelar segue como uma espécie de 2001 - Uma Odisseia No Espaço, mais acessível. A passagem pelo "vácuo" ou "buraco de minhoca" ( What the fuck?) lembra muito a obra de Kubrick.
Subsequentemente boas tomadas no espaço sideral são coordenadas por Nolan, feitas para deixar a platéia boquiaberta, sem os malabarismos digitais de Gravidade. Uma confusão generalizada envolvendo laços familiares, teorias interplanetárias, luta por sobrevivência e ecos do fim do mundo. O desfecho tenta explicar o inexplicável, numa cena esquemática, até o fetichismo do diretor em cenários de ponta-cabeça.
Nolan é realmente esperto, pois para tocar um projeto assim, queimando uma grana preta do estúdio, não é para qualquer um. O tom épico da produção e sua filosofia de botequim, marcas do diretor, dá ao filme a sensação vista em A Origem, muitas idéias boas, surradas e desajustadas. O trailer fala muito mais que as quase três horas.
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