Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Desde antes de seu lançamento, este novo longa do cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu, já era tido como um dos grandes filmes da temporada e candidato as principais categorias do Oscar. Bastava acompanhar sua sinopse e elenco. Após sua estreia e passagem por festivais mundo afora, veio a se confirmar, diga-se de passagem, com sobras uma boa fama. Modéstia aliás, parece não ser o forte de Iñarritu, que há tempos encomenda um grande filme vencedor de festivais e de repercussão. Seu inicio foi muito bom com Amores Brutos e depois com o excelente 21 Gramas, versão americanizada de seu filme de estreia e até então seu melhor longa. Nestes, múltiplas histórias se entrelaçam, envolvendo família, tragédia e amor. Tempos depois, a megalomania do diretor em criar estas histórias, o levou ao incômodo Babel, de estrutura semelhante a seus últimos trabalhos, só que com muito mais dinheiro e muito menos ideias. O resultado foi bem ruim. Desde então ele vem buscando reafirmação, esta mesma reafirmação é o combustível principal de Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância).
O papel principal é sob medida para Michael Keaton ( não é exagero dizer que este é seu maior desempenho de toda carreira). Impossível não associar seu personagem, um ator veterano atormentado pelo passado de seu maior sucesso no cinema de heróis, com ele próprio, que após interpretar o Batman em dois filmes na década de 90 caiu no ostracismo e nunca mais gozou de prestigio. São muitas as deixas do roteiro que confirmam esta conjectura. O restante do elenco está em perfeita sincronia, principalmente Edward Norton, que assim como Keaton, parece viver seu próprio alter ego. Emma Stone também tem papel de destaque como a filha do protagonista, encabeçando boas sequencias. Já o surpreendente Zach Galifianakis é responsável pelas melhores falas, sem apelação cômica.
Mas o grande trunfo esta na sua originalidade, e por que não, ousadia. A bateria, tipica de NY e Broadway, é parte integrante de boa parte da projeção, e se enquadra de maneira orgânica ao filme. Sua estrutura e edição, toda em plano-sequencial, submerge o espectador mais ainda a história, enquanto seus diálogos alternam entre o inspirador e algum papo furado.
E é no tom da tragicômico e reflexão de botequim, que seguimos o personagem de Keaton, agora diretor, produtor e estrela de uma adaptação para teatro na Broadway. Percalços e uma voz estranha o atormentam para o que pode ser a Reafirmação de sua vida e carreira. Vários ícones pop são citados, o que dá mais tempero a trama e são seu principal alívio cômico.
Contudo, como já citado, o dom megalomaníaco do realizador ( pode-se ler também mão pesada), quase põe tudo a perder. Sobretudo nas sequencias no terraço de Norton e Stone, os momentos com Naomi Watts ( a mais deslocada do elenco) e o desfecho que pode desagradar. Nada no entanto, que tire seus méritos de filme re inventivo.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário