O ano era o longínquo 1962. Grandes sucessos eram lançados, dentre eles o monumental Lawrence da Arábia e o escandaloso Lolita. Que estes e outros em anos posteriores sobreviveriam até os dias de hoje, muito anteviam. O que poucos podiam prever era que esta adaptação do romance detetivesco de Ian Fleming não só resistiria, como seria a mais perene cine serie da história e uma das mais famosas.
007 Contra o Satânico Dr. No tornou-se um marco, não por seu exercício cinematográfico em si, mas sim por uma série de eventos que até hoje, 50 anos e 24 filmes depois, ainda estão presente. A começar pela famosa sequencia de abertura do tiro na tela.Além de toda a essência do personagem principal, o tipo inglês elegante, sedutor, apreciador do bom Martini ( batido e não mexido) e do pôquer, que foi personalizado por Sean Connery, desconhecido a esta altura. Seu biotipo seria reproduzido nas demais sequencias, até ser desconstruído por Daniel Craig em 2006 com Cassino Royale, pelo menos fisicamente. E obvio, a célebre trilha sonora.
Como filme de ação e espionagem, o longa é apenas razoável. Sua estrutura e edição é seguida como fosse o livro, dividida em capítulos implicitamente. Mesmo divertido, isso incomoda por vezes.Há também poucas cenas de ação. Estes aspectos seriam aprimorados com o tempo, muitos aliás já no terceiro episódio, 007 Contra Goldfinger, um dos melhores. Seu inicio é promissor, com o trio de cegos, dois assassinatos intrigantes e a apresentação de Bond e seu famigerado bordão. A trama vai se arrastando até o agente se mandar para o meio da selva na Jamaica, para encontrar e derrotar o vilão do titulo.
É justante ai que temos a melhor parte do filme. Sem machismo, é a aparição da linda bondgirl Ursula Andress o ponto alto. De biquíni, numa bela praia jamaicana, impôs um nível absurdo no padrão Bondgirl. Sua beleza física estava a frente de sua época, e nos dias de hoje ainda é atraente.
No contraponto, o encontro com o misterioso Dr No se mostra bastante desestimulante. Seu personagem é todavia estranho ( não entende-se bem o satânico), e até certo ponto inofensivo, comparado com vilões perversos típicos do gênero. Na derradeira cena, o eventual confronto com o antagonista é absolutamente apressado e morno. Algo da época é verdade, que poderia ter sido melhor utilizado, pois no final se torna um filme de ação sem clímax.
Em seu THE END, fica a sensação de metades.Não linear, metade do filme é histórico e singular, enquanto sua outra parte é apático e morno.
Bom texto caro, eu particularmente detesto 007...
Texto muito bom mesmo. Po, Lucas, eu sou fa do personagem. O problrma comecou com iconizacao do mesmo como gala e heroi imbativel. Neste aspecto, a franquia com Craig veio muito a calhar, pois tornou o personagem mais humano e sujeito a falhas.