A lista de Schindler sem duvidas é uma obra que integra facilmente a minha lista dos 10 melhores filmes de todos os tempos e estou certa que divido a mesma “opinião” com a maioria dos amantes da sétima arte, isso acontece porque esse “feito” de Steven Spielberg desperta a mistura de emoções que o espectador precisa para se sentir realmente tocado ! Exagero? Não, pura realidade e reconhecimento de um filme que até os mais insensíveis se rendem a toda profundidade que é mostrada e por mais que o tema já tenha sido retratado diversas vezes nunca houve algo tão intenso, completo e marcante como a obra prima de Spielberg!
O filme nos apresenta a Oskar Schindler, um antigo militar bem relacionado com o partido nazista que tem um grande proposito; gerar uma fortuna. Em meio a 2° guerra ele vê a chance de concretização do seu desejo e com seu afiado senso de oportunidade ele alcança seu almejado objetivo com a ajuda de Itzhak Stern um contador judeu que torna-se seu braço direito na construção e administração de sua fabrica de esmaltados que é composta de trabalhadores judeus . Em meio a todo o caos e perseguição aos judeus, nasce um novo e perigoso desejo em Schindler e este não medirá esforços para conquistar seu objetivo.
Spielberg constrói uma narrativa segura e precisa, transitando entre momentos suaves ( enquanto acompanhamos Schindler na fabrica e no alto escalão do partido nazista) com momentos de extrema violência , que mostra todos os abusos e atrocidades cometidas contra os judeus ( alguns personagens, com meras participações conseguem criar uma empatia tão grande com o publico que naturalmente torcemos e sofremos com aquelas pessoas). A direção do fantástico diretor é tão magnifica que fica difícil encontrar falhas, ele abusa de planos elegantes, contando com uma iluminação perfeita de direção de fotografia, que se destaca em algumas cenas ( como por exemplo, na do restaurante, em um jantar entre Schindler e a esposa, observamos a bela composição visual, contrastando as luzes e sombras no rosto dos personagens). Outra escolha acertada ( e como !!) foi a da obra ser feita em preto e branco ( impressionante a genialidade de Spielberg) que além de amenizar a absurda violência dos atos que vemos também serve para ilustrar o quão obscuro foi aquele período, ou seja; é tudo rico em detalhes, com precisas composições visuais e escolhas que não poderiam ser melhores!
Há cenas fabulosas, mas não poderia deixar de destacar a cena da garotinha do casaco vermelho ( para alguns, a cena deveria ser descartada por criar um sentimentalismo apelativo, ). Em um filme preto e branco com aquele elemento colorido e ainda por cima de cor vermelha, só poderia querer trazer algo, é justamente o elo emocional diante de milhares de judeus executados! Comove, e como comove! A emoção da cena se dá também pela fantástica interpretação de Liam Neeson ( sem diálogos) a mistura de compaixão com apavoramento em seu rosto é passado de forma profunda e nos sentimos diretamente conectados com o personagem
A construção dos personagens é outro ponto forte “aqui”, é tão bem feita essa construção e a entrega de seus interpretes que parece que não podemos pensar em nada diferente do que foi feito nesse aspecto. Liam Neeson compondo Oskar Schindler foi SENSACIONAL, vemos uma interpretação digna de aplausos, marcada de expressões naturais, sempre empregando as emoções necessárias, que é quase impossível não se envolver com o personagem! Um personagem difícil e que conquista o publico aos poucos ( mesmo que no fundo ele já crie uma empatia inicialmente... seja por sua segurança, seja por sua esperteza...) Alias, vale comentar algo sobre o personagem, para muitos a grande “mudança” de Oskar Schindler que de explorador passa a protetor de Judeus, parece meio forçada como se quisesse passar a mensagem que as pessoas mudam e que sempre há regeneração, tenho outra opinião , acho sinceramente que esse nunca foi o proposito do filme, Schindler não era um homem ruim, era um homem ambicioso, que só se importava com seus interesses e ao olhar todo aquele horror do holocausto acaba despertando seu lado humano portanto não existe uma mudança de personalidade e sim mudança de interesses que o faz agir de maneira diferente, o que antes era de extrema importância passa a ser insignificante e vice versa. Ben Kingsley se destaca como Itzhak Stern ( confesso que tenho uma simpatia especial por ele .. rs) , o fiel contador de Schindler, a relação de ambos inicialmente de patrão e empregado e que se transforma numa grande amizade ( alias, uma das cenas mais emocionantes do filme é composta pela dupla) é fantástica. E eis que temos um Ralph Fiennes cruel e temido como Amon Goeth! Frieza palpável é o que transmite o ator tornando o seu psicótico personagem em alguém cada vez mais odiado pelo telespectador, com um olhar gélido e fala serena que transmite a segurança de um homem determinado a cumprir a missão que lhe foi dada, brincando de atirar em judeus de uma sacada apenas por diversão! Fantástica a interpretação de Fiennes, impossível não sentir um arrepio na espinha quando ele aparece em cena!
O filme é longo mas em nenhum momento nos cansa! A trilha sonora é favorável, linda e combinando com a obra, toda dramatização é conferida na melodia em piano e violino que juntamente com determinadas cenas são capazes de fazer qualquer marmanjo derramar lagrimas!
A Lista de Schindler foi necessário porque o cinema tinha que “dizer algo” sobre um dos períodos mas duros da nossa realidade histórica! É cinema pra gente grande com tamanha intensidade e crueza de um relato, marcado por muitos fuzilamentos mas também muitas emoções, esperanças, lutas ...
Enfim, quando terminamos de conferir a obra, somos acometidos a uma reflexão natural, inevitável não imaginar os horrores daquela época, chocante saber que tudo que acabamos de ver foi a mais pura realidade mas emocionante saber também que em meio a tantas crueldades pode sempre existir uma esperança e alguém capaz de lutar por algo melhor! Afinal..
“ quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”
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