Quando se fala em blockbuster, se fala em filmes de grande apelo à massa, com muitos efeitos especiais, ação, destruição, e todos esses recursos visuais que encantam nas telonas. Não há filmes mais eficientes nesta categoria que os ditos filmes-catástrofes, àqueles que são envoltos por algum desastre natural estrondoso. Mesmo quando ilógicas ou descerebradas, produções assim atraem público, pois, a maioria dos espectadores adora presenciar uma onda gigantesca tomando toda uma cidade, ainda mais se, de quebra, for Nova York e sua estátua da liberdade (sempre alvo-fácil, coitada…). Os iminentes perigos variam em suas opções, entre meteoros gigantescos em direção a terra, ou tornados que arrastam pelos ares, casas, carros… vacas. Por tal motivo, o espectador de massa está cada vez mais exigente, não em relação a conteúdo, e sim, quanto a dimensão da imagem e seu impacto, prova disso são as variedades de tragédias mostradas hoje em dia em um único filme. Se antes víamos um trágico maremoto assolando uma localidade, para o público um não é mais suficiente, agora precisam de furacões, mesclados a tsunamis, com o incremento de meteoros, tudo isso graças ao precursor do exagero, “Um dia depois de amanhã” de 2004.
Pois bem, “Terremoto – a falha de San Andreas” surge nessa leva como um fiel integrante do time blockbuster sobre calamidade natural, assolando mais um estado americano. Sua premissa é bem simples e segue quase todos os padrões do gênero. Temos um bombeiro especializado em resgates, ao lado de sua ex-esposa, tentando resgatar sua filha adolescente que, por infortúnio do destino, se encontra em São Francisco, uma das cidades da Califórnia que foi abalada por um terremoto de grande escala.
A estrela do filme é o brucutu Dwayne “The Rock” Johnson, aquele fortão que costuma protagonizar filmes de ação, popularizado lá em “O escorpião Rei”, como spin-off de “A múmia”. Dentre os atuais atores de ação, Dwayne, longe de ser um exímio ator, é com certeza o mais carismático. Eu diria que, versátil também, pois, de Hércules à Fada do dente, ele encara papéis exóticos sem problema. Sua habilidade no papel de herói ganha ainda mais credibilidade por conta de seu físico avantajado. Sua única falha se dá nos momentos dramáticos, quando precisa entregar alguma emoção, porém, como estamos falando de um filme despretensioso, em que o que conta é a ação, essa limitação do ator não chega a pesar.
Ainda no elenco temos a estonteante Alexandra Daddario, como filha de Dwayne, explorada ao máximo por sua aparência, não que a moça não tenha talento, mas seu destaque é mais visual, evidenciado pelos closes em seu belo par de olhos azuis, e em suas curvas, conforme suas roupas vão se perdendo no segmento da história. Seus momentos mais interessantes estão relacionados a ela e mais dois personagens que, juntamente tentam sobreviver aos efeitos do terremoto. Alexandra e Dwayne são os únicos mesmo a merecer citação acentuada de seus personagens. No restante do elenco não há muito a destacar, porque os personagens, como já mencionei, seguem os padrões idiossincráticos dos clichês, tendo o cientista ali somente para explicar o fenômeno, o casal que se forma e o outro que se reconcilia durante o desastre, sem esquecer-se da criança perdida entre a confusão, assim como o babaca que está ali apenas para ser odiado, ou seja, ninguém realçável. Alguns personagens são até dispensáveis dentro do contexto por não somarem nada ao arco geral, portanto, não há necessidade nenhuma de mencioná-los. Seria como “chover no molhado”, até mesmo para um filme derivado como este.
Sendo franco, é perda de tempo analisar filmes desse estilo na expectativa de encontrar profundidade ou consistência, até porque a proposta principal de obras assim não é essa. A maioria dos que procuram assistir a filmes dessa categoria quer sempre a mesma coisa, explosões, destruição, uma boa dose de CGI, e é somente isso que irão ver. Quem assiste, o faz sabendo o que esperar. Não há muitos elementos inovadores, não há personagens complexos, o clima de desespero é o já conhecido por todos, e o mocinho é sempre altruísta, patriota, e por que não dizer, quase sobre-humano – nesse quesito, Dwayne Johnson é uma convincente pedida…
Apesar disso, a construção desta história é estruturada, o roteiro não é tão ruim, a atmosfera de aventura e luta por sobrevivência é envolvente, e se o compararmos ao seu primo mais velho “2012”, inclusive, no tocante aos efeitos especiais, “Terremoto” é superior. As cenas não tem muita novidade técnica, mas são mais bem produzidas com certeza, no tom certo, com um gráfico mais realístico. Lógico que, após os tremores, tudo perde um pouco a naturalidade, excessos e momentos descomedidos são entregues aos montes, tanto em relação aos acontecimentos provocados pelo dito terremoto (s), quanto nas resoluções de alguns personagens segundos os perigos enfrentados. No entanto, todo enlatado americano que se “preze”, sempre mostra sua nação como um povo inabalável, estando ou não sob circunstâncias catastróficas, pois, o intuito aqui é somente divertir, entreter, sem perder o nacionalismo. Intenção esta que é declarada desde o trailer ao cartaz. Não há nada além de cenas exorbitantes de tirar o fôlego, óbvio final feliz entre os personagens sobreviventes, diversão descompromissada, e ponto...
Concluindo, faço uma observação curiosa a respeito da infeliz coincidência entre o lançamento deste longa, próximo a recente tragédia-real de terremotos, que afligiu o país asiático Nepal. A mim foi impossível assistir “Terremoto – a falha de San Andreas” e não me remeter ao fato…
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