Antes de comentar sobre “Premonição 4”, eu acho mais justo fazer uma retrospectiva da série para se achegar ao ponto necessário da minha opinião.
Seguindo então essa ordem, no inicio dos anos 2000 surgiu “Premonição” (Final destination), um suspense no qual o foco era seu personagem central Alex (interpretado pelo sumido ator canadense Devon Sawa) e sua habilidade de prever a morte.
Por falar na dita cuja, normalmente em filmes do gênero a morte é uma peça imprescindível como o resultado do terror, só que em "Premonição", embora ela fosse legitimamente retratada de forma invisível, a grande novidade girava exatamente em torno de sua atípica atuação, o que se devia ao fato de ela ter sido propriamente à vilã da estória, ou melhor dizendo, a causa de si mesma.
Assim, vingativa e implacável, a indesejada perseguia todos àqueles que de alguma forma saíram ilesos de suas primeiras investidas, conseguindo ser tão eficaz como qualquer outro vilão palpável.
Pra você que não conhece nenhum dos filmes, eu sei que descrevendo assim a premissa aparenta ser ingênua, mas não se engane, pois o notável roteiro foi uma tremenda surpresa, ainda mais pelo filme ter sido lançado após a década de 90, a qual foi marcada por películas cujo antagonista era predominantemente um serial killer.
Por tal motivo, esta substancial projeção não só obteve um diferencial em meio aos filmes de terror adolescente na época, como deu uma guinada na mesmice que pairava sobre os tais.
Em consequência disso, “premonição”, obviamente, acabou ganhando três sequelas – ao que parece, esta é a obrigação de todo filme junto à Hollywood quando alcança certo êxito junto à bilheteria e crítica –, tudo graças ao interesse absolutamente pecuniário das indústrias do cinema.
Por outro lado, a parte mais aborrecida desta questão é a falta de qualidade das ditas continuações que muitas das vezes desvirtuam a idéia original – foi assim também com o copiadíssimo “Pânico” de Wes Craven e seu rival “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”...
Voltando-se então específica e necessariamente ao filme em destaque, “Premonição 4”, por sua vez, tem agora como personagem central Nick O'Bannon, isso porque a cada continuação de “Premonição” o protagonista é substituído por um ator nitidamente pior.
Já a direção e o roteiro ficaram ao encargo de dois veteranos no que diz respeito a estória: David R. Ellis (“Serpentes a Bordo” e “Celular – Um grito de socorro”) responsável pela direção do segundo e Eric Bress, também já familiarizado com o roteiro da segunda edição.
Bom, na trama, Nick, após uma ter uma horrível visão na qual uma brutal série de eventos provoca uma batida múltipla de carros, incinerando tudo a volta, matando muitos e deixando o local em destroços, convence seus amigos a evitarem a corrida. Porém, como consequencia, todos os que escaparam iniciam sua própria corrida pela sobrevivência, afinal, a morte irá requerer "seus direitos".
Diante de tal sinopse, como já era previsto, "Premonição 4" segue, sem hesitar, a mesma linha dos outros, alterando apenas a localização do iminente desastre que impulsionará o desenrolar sanguinolento.
A única novidade aqui, se é que podemos chamar assim, é a técnica de filmagem em 3-D – Respectivamente neste caso, um recurso de apelo estritamente visual utilizado para contornar a falta de consistência no roteiro –, fora isso, o resto é só fiasco!
Na verdade, se teve algum dos títulos da série que fez por merecer elogios, foi o primeiro filme. Ele supera todos os outros por meio de seus sólidos questionamentos, seu clima significativamente tenso e suas atuações bem mais comprometidas – no casting tinha Seann William Scott e Ali Larter, nomes bem mais expressivos do que teve qualquer outro da franquia.
O segundo até conseguiu marcar alguns pontos, por manter um sentido linear em relação ao precursor, preservando o contexto e inteligentemente alguns personagens (pena terem excluído o sinistro personagem patologista do primeiro). Sem contar que foi através dele o início da evolução na elaboração das mortes.
Porém, como o roteiro principal não dava margem estrutural a uma continuidade – como dito, ideia absurda e capitalista restrita aos interesses de Hollywood -, “Premonição 2” acabou se rendendo à mesmice. Enquanto no terceiro o desgaste da estória já havia se tornado incômodo, perdendo de vez a linha de raciocínio e limitando-se apenas às gratuitas mortes.
Agora, é aqui em "Premonição 4" que a saga perde todo o sentido da trama original, não restando um resquício sequer do que já foi um dia.
Nem mesmo as engenhosas mortes são mais suficientes, visto que nos anteriores tudo se saturou consideravelmente.
Portanto, após esse vislumbre, não resta mais o que falar de “Premonição 4”...
Eu comentaria sobre mais o quê? Sobre o fato de as cenas estarem mais corridas e forçadas? Ou que, apesar da distância cronológica, os efeitos especiais estão mais toscos? Ou devo frisar a inexpressividade dos personagens diante das mortes graças à falta de talento dos atores?
Porque, sem mais retóricas, o filme é só isso, óbvio, tacanho e sem carisma, desde o aspirante elenco às resoluções previsíveis.
Por fim, só me resta asseverar que os quatro filmes – curiosamente lançados de três em três anos – não se complementam, nem apresentam um mísero argumento para explicar as premonições, ou uma razão que seja para as mesmas terem ocorrido em lugares determinados, como avião, montanha russa (...); muito menos dão um motivo plausível para o dom resvalar entre os diversos personagens principais.
De qualquer modo, “Premonição 4” – por enquanto o último filme –, a meu ver, não teve outra intenção a não ser angariar bilheteria em cima de nossa juventude afoita por violência imoderada.
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