Antes de mais nada, meu comentário se restringirá a "Constantine" como filme, até porque não conheço exatamente sua versão original em HQ.
Keanu Reeves já provou que sabe muito bem selecionar as produções em que estrela. Não por serem filmes inteligentes, mas por terem grande apelo comercial e altíssimo orçamento. Está certo que isso não gera boas críticas ao seu desempenho, porém, enchem seu bolso. No fim, ele está no lucro. Sua imagem é bem propagada para os fãs e sua carreira é firme a ponto de exigirem sua presença como protagonista, comprometendo até a concretização do projeto se assim não for, como no caso de "Constantine". O personagem central do título é vivido por ele.
Protagonista também da trilogia arrasa-quarteirões "Matrix", Keanu Reeves está sempre com uma atuação inconstante, inexpressiva e de caráter tênue. Por incrível que pareça, ele ainda não conseguiu entregar uma interpretação primorosa. Em "Constantine" o que o salva são as cenas de ação em que o mesmo tem grande habilidade em realizar.
O filme tem um roteiro ostensivo e ambicioso, mas interessante. Seu foco são os mundos paralelos conhecidos teologicamente como "céu" e "inferno" que iniciam um choque entre o mundo "real", no caso o nosso que, é a divisão entre os dois mundos.
Nascido com um dom que não desejou - a capacidade de reconhecer claramente os anjos e os demônios híbridos que andam pela Terra com aparência humana -, Constantine (Reeves) tirou a própria vida para escapar do tormento de suas visões. Porém, sua tentativa fracassou. Contra sua vontade, ele foi ressuscitado com a incumbência de proteger a fronteira entre o céu e o inferno, aniquilando todos os demônios que teimam em vagar em nosso meio, mandando-os de volta ao seu " habitat".
Como um suicida em potencial, Constantine tenta expiar seus pecados por meio de sua missão - ele que está longe de ser um héroi convencional, muito menos espiritual. Concluindo seu trabalho, ele ganha sua salvação.
Rachel Weisz, está maravilhosa interpretando gêmeas sensitivas. Realmente ela rouba a cena e é de uma presença incrível, além de bela.
Como a policial Angela Dodson, Rachel pede ajuda a Constantine para tentar solucionar o caso da morte de sua irmã, a mesma (também intepretada por Rachel) que morreu sob circunstâncias sobrenaturais, deixando Angela perturbada, embora ainda cética.
Ao iniciarem a busca por respostas, Constantine e Angela ficam a mercê de eventos estranhos e nada naturais, tornando evidente a batalha entre os mundos espirituais.
"Constantine" é de uma temática polêmica, assustadora e obscura. Em meio a tantos personagens heróis sem contexto, Constantine possui carisma, mesmo não tendo o melhor caráter.
A estória não é lá uma obra prima, mas instiga a imaginação e estimula a curiosidade pelo desconhecido.
O elenco base da trama mostra-se convincente e preparado. Somente Reeves não consegue se equiparar aos colegas. Porém, não está pior que em seus último filmes.
Peter Stormare, numa proposta satírica incorpora o diabo (inevitável o trocadilho) habilmente. Até mesmo sua feição natural é assustadora. Ele expressa com perfeição a imagem preconcebidamente suja e pavorosa de satã.
Tilda Swinton está singular como Anjo Gabriel. A ironia de sua androginia foi extraordinária.
As imagens são marcantes. A fotografia escura e de tons frios e fortes é magistral. Sem contar na minuciosidade da direção de arte e na edição precisa. O que auxilia muito nos sustos e na tensão das cenas. Os efeitos especiais também não deixam a desejar.
Agora entre os pontos negativos está o diálogo banal e a falta de coesão no roteiro.
No entanto, "Constantine" é isso, um ótimo entretenimento. Uma super produção hollywodiana perfeita para ocupar o tempo. Só não espere muito do filme - apesar de sua ousadia e pretensão - , pois assim o proveito é maior.
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