As expectativas para este filme eram grandes, por ser o novo trabalho do diretor Nicolas Winding Refn com o ator Ryan Gosling, que obtiveram um grande reconhecimento com "Drive" (2011). "Only God Forgives" até lembra o último trabalho da dupla, pela atuação do protagonista e pela semelhança estética, porém o resultado não é tão satisfatório quanto a obra anterior.
Ryan Gosling em uma atuação apática interpreta um personagem sem expressão, onde sua introspecção é tanta que chega a irritar em alguns momentos, mais parecendo falta do que dizer do que algo significante a esconder. Já Kristin Scott Thomas está em grande atuação, sua relação edipiana com Julian é bem explorada e ela traz tensão ao filme em todas as cenas em que aparece. O personagem mais interessante fica por conta da interpretação do pouco conhecido Vithaya Pansringarm, que dá vida a um homem que parece imbatível e impiedoso fazendo justiça com as próprias mãos, além de ser um carismático cantor de karaokê após o expediente, sendo assim um ótimo antagonista.
Os grandes elogios ficam para a parte técnica do filme. A trilha sonora é marcante, a fotografia é impecável e a direção de arte é um show à parte. Assim Nicolas Winding Refn valoriza a imagem no lugar dos diálogos, o que não sustenta o filme até o final e deixa a sensação de vazio, com a impressão de que o diretor tentou fazer um tipo de cinema do qual ele não tem domínio. Mas Refn também tem seus méritos, pela forma como a violência gráfica é mostrada e pelas metáforas e simbolismos presentes no filme.
Se "Only God Forgives" não satisfaz todas as expectativas, também não dá motivos para ser vaiado como foi em Cannes. É um filme mediano, com suas falhas e acertos. Não empolga e não gera empatia, mas proporciona algumas ótimas cenas e sequências em meio a um belíssimo visual.
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