É difícil falar de "Amor Pleno" sem associá-lo com "A Árvore da Vida" (2011), as semelhanças são claras. Mas se em seu filme anterior Malick proporciona ao espectador uma grande experiência artística, desta vez o diretor criou um filme inferior, sem a mesma intensidade e atributos de seu último trabalho, mas com as suas mesmas deficiências.
Malick não tenta abraçar diversos temas de importância universal como fez em "A Árvore da Vida", agora o diretor foca no amor, seja o amor de um casal, o amor de uma criança ou o amor do homem com Deus. Porém a subjetividade ao abordar os temas parece a mesma. Malick tenta criar uma narrativa sensorial, usando mais narração voice-over do que diálogos e tentando captar algo metafísico com suas imagens — algo que parece não estar lá. Assim o filme se torna superficial e maçante para quem não despertou empatia pela filosofia do diretor.
Ben Affleck não tem expressão alguma e seu personagem não diz muito mais que meia dúzia de palavras. O talento de Javier Bardem é mal aproveitado, assim como seu personagem, um padre com crise de fé, que não tem muita relação com o núcleo principal e quando aparece não flui naturalmente. Rachel McAdams também é mal aproveitada, sua personagem aparece de forma abrupta e deixa a sensação errônea de que não tem importância. Olga Kurylenko está sempre saltitando e rodopiando, mas consegue trazer a carga emocional necessária para a personagem.
A grande qualidade do filme fica por conta do seu incrível visual, que é característico dos filmes do diretor. A fotografia é soberba e os planos também impressionam, proporcionando ao espectador belíssimas imagens e uma gratificante experiência audiovisual.
Os dois últimos filmes de Malick foram lançados no curto período de dois anos, assim quebrando os conhecidos hiatos de sua carreira e reforçando a ideia de que um filme seja a continuação do outro e que talvez façam parte de um projeto ainda maior, já que novos trabalhos do diretor estão previstos para próximo ano. A esperança que fica é a de que Malick consiga voltar a fazer com esses próximos trabalhos filmes melhores do que “Amor Pleno”, que falha ao tentar propor reflexões e resulta em um filme cansativo.
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