Rapsódia em Agosto é daqueles filmes que devemos assistir duas vezes, no mínimo. Na primeira, nos emocionamos com a belíssima fotografia, com as paisagens. Em alguns momentos, Kurosawa nos deixa como um observador bem distante, brincando com as personagens, que se movem como atores de um teatro de fantoches em meio ao vale escuro ou com o reflexo do sol. Cada cena é "pintada" por um dos diretores mais competentes de todos os tempos.
Na segunda, podemos nos apegar a história, que se não é tão convincente quanto a obra prima Rashomon, trata de um tema extremamete complicado; a bomba atômica que matou milhões de japoneses em 1945.
Kurosawa trata disso de forma sensível e deixa com que o enredo flua através de uma avó que pouco fala sobre o pesadelo e de netos que muito se interssam pela história.
Na medida em que o roteiro vai se desenvolvendo, vamos conhecendo as dores e lembranças de todos. O pesadelo do passado mistura-se com um raro drama familiar; um parente que nada tem a ver com os bombardeios, mas que o simples fato de ele ser americano incomoda profundamente a família.
Depois da história bem desenvolvida e imagens extraordinárias, o gênio japonês nos brinda com uma cena final memorável e verdadeiramente emocionante.
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