Como um tiro no centro do eco, uma fagulha no núcleo do ego, "Blowup" é uma cartada que aproxima o quanto de mais vazio e o quanto de mais limite pode compor a face do artista.
Adentro da sua própria pretensão, da prepotência da sua própria criação, Thomas é o fotógrafo que medita no espírito do sublime do seu trabalho, que se ancora com veemência frieza na face mímica que ele reproduz aos montes, supondo a certeza de que sua aparente genialidade não é mais embriaguez do que clareza.
Thomas é o fotógrafo no cume do sucesso, da alta da cidade ou o personagem que expande o capítulo de quando a arrogância é traída pelas incertezas da percepção.
Antonioni põe mímicos em algum instante da chegada e em outro da saída deste filme. Veja só! Mímicos são nada mais do que a paródia do artista! O ponto onde o criador se finge de criação e por um instante desconhece a si mesmo.
A pontualidade do criador? A arte como decodificação e não como busca, conceito da experiência e experiência comunicativa? Ainda, se isto for! A questão mais comtemplativa do que ansiosa cabida a esse filme aventura-se em algum ponto da informação, da pós-comunicação, o engano que pode ser trazido dela e o que se engana na sua geração. Ou melhor, a dependência da mídia comunicativa de um código estreito e seu ponto interlocutivo, em que muitas o intervalo da interpetação está em quem inicia o diálogo e nem sempre em quem, por consequência, o interpreta.
Embora tão aberto e vagante quanto, "Blowup" não está mais na sequência dos filmes de incomunicabilidade criados pelo diretor italiano ainda no início da década de 1960. Este é o seu primeiro filme em inglês e o primeiro que abarca para um mundo pop, uma dissertação cinematográfica, aqui, seduzida pelo jogo da percepção: pela intromissão do observador e pela sua prepotente neutralidade quanto ao desconforto do observado.
Metafísica? Nem por um instante! Mesmo que ainda não possa afirmar o que Antonioni afirma, posso ainda ser seduzido pela impureza das relações longe de ser tentadas à uma decodificação de como adapta-las e purifica-las. Bem mais o trajeto de como começar a entende-las.
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