Indicado ao Oscar 2008 de melhor filme estrangeiro, essa produção polonesa descreve em relatos fragmentados o terrível massacre ocorrido na floresta aos arredores de Katyn, em que foram mortos de 15 a 22 mil poloneses, em grande parte oficiais poloneses, em 1940.
Prá quem nunca ouviu falar desse relato histórico, o diretor Andrzej Wajda procura manter a dúvida até as cenas finais, sobre quem teriam sido os assassinos: Os alemães? Tudo leva a crer, pois o método de execução nazista da SS era dar tiros na cabeça do adversário.
Os corpos só foram encontrados em 1943, dando início a partir daí de a busca de quem seria a culpa desse grande massacre, onde até a Cruz vermelha participa massivamente em busca de repostas, exumando cadáveres e colhendo provas de documentos e objetos pessoais das vítimas. Sem pressa, Wajda vai desenvolvendo seus personagens em meio à busca de respostas e de suas dores pela inesperada notícia do acontecimento. Alguns só querem enterrar seus mortos, outros resistem em aceitar a atrocidade, alguns culpam o próprio Estado polonês de encobrir a verdade do que teria realmente acontecido.
Como um quebra-cabeça que vai sendo montado, as peças finalmente vão se encaixando e ao completá-lo, ficamos conhecendo o que realmente se passou naquele trágico dia na floresta dos arredores de Katyn, numa das sequências mais fortes que o cinema moderno mostrou nos últimos anos. Não é poupado nenhum detalhe, tudo é finalmente esclarecido.
O filme mostra claramente que o crime não ocorreu somente em Katyn, mas depois também, na omissão da verdade, onde os parentes das vítimas não tinham direito de saber quem eram os culpados, mesmo que o mal já havia sido feito.
Há cenas memoráveis, entre elas:
Um oficial aparece na casa de uma mulher que está sempre em busca de notícias de seu marido, ele diz estar levando conservas, mas logo descobrimos qual o seu verdadeiro papel ali. Esse mesmo oficial acaba sendo posteriormente um dos personagens mais dramáticos de todo o filme.
Uma mulher vende seus cabelos prá comprar uma lápide em memória do irmão morto, mas a Igreja nega o pedido, sob pressão, pois o padre dali havia sido "levado" no dia anterior, o que a faz perceber que a partir daquele momento ela será mais uma vítima dos opressores.
Um jovem que teve seu pai morto, rasga um cartaz de propaganda de guerra e se refugia com uma jovem recém conhecida pelos telhados da cidade, ele marca um encontro no cinema pro dia seguinte, mas nada o faria crer que tudo acabaria em fatalidade.
Porém, o que é mais memorável é a revelação dos culpados, todo o cinismo em se esconder algo de propoções gigantescas como se aquilo tudo pudesse ficar mesmo oculto prá sempre.
Como Roman Polanski desmacarou um pedaço do drama vivido pelos poloneses durante a Segunda Guerra, centrando-se na história real do pianista Wladyslaw Szpilman e sua luta prá sair vivo de todo aquele terror, o diretor polonês Andrzej Wajda desenterra outra história trágica envolvendo aquele povo.
Um filme a ser visto e estudado, somando-se a inúmeras outras produções que não se inquietam em mostrar os horrores do Holocausto.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário